fotografia, processos, alternativas

Analógico

Revelação alterada “push/pull” ou “puxar o filme/ISO”

Aqui vai uma explicação rápida sobre exposição e revelação alterada para filmes preto e branco e cor, popularmente chamada de “puxar o filme”.


Não se preocupem muito com os termos push/pull pois são analogias não muito técnicas. O importante é entender o que está acontecendo. Muitas pessoas associam estes termos ao ato de fotografar somente, mas em inglês são associados ao processamento do filme (push/pull processing). Creio que a tradução mais correta do termo não seja empurrar/puxar e sim “push” no sentido de forçar (alongar) e “pull” no de reduzir (segurar). Seria assim uma revelação forçada (super revelado) ou revelação reduzida (sub revelado) em relação ao tempo normal de revelação de um filme exposto no iso nominal.
Existem duas razões técnicas para isso e uma terceira, que é a puramente estética.
Das razões técnicas, a primeira é a falta ou excesso de luz para o filme que está usando. Por exemplo, você está numa situação onde há pouca luz e está com filme ISO100. Sua lente está toda aberta e a velocidade está baixa em 1/30s. Você quer fotografar em 1/60s e assim, estará 1 ponto subexposto. Você terá que forçar ou super revelar para que seu filme não fique escuro. Como você é obrigado a expor o filme inteiro com mesmo ISO, para evitar se esquecer subexpor 1 ponto toda vez, é mais conveniente ajustar seu fotômetro pra 1 ponto mais sensível. Neste exemplo, de ISO100 pra 200 (daí o termo errôneo de “puxar pra 200”). Assim você pode continuar colocando a agulhinha no meio da escala do fotômetro. O caso inverso segue a mesma lógica. Se por exemplo sai de casa com filme ISO 3200 em dia de sol, vai provavelmente ter problema de excesso de luz. Então pode expor o filme a 800 e depois relevelá-lo menos tempo para que não fique muito denso.

Resumindo, mudar o ISO no fotômetro é um jeito de medir o “erro” de fotometria pra depois compensá-lo na revelação.

A segunda razão técnica é para controle de contraste. Você não pode mudar o ISO real de um filme (determinado pela sensibilidade da baixa luz), mas dentro de um limite consegue forçar ou reduzir a revelação para manter os meio-tons na densidade certa. Mexer na revelação tem uma consequência, a mudança de contraste. Quando você super-expõe e sub-revela você tem uma diminuição do contraste (pull). Quando você sub-expoe e super-revela você tem um aumento de contraste (push). Assim, se estiver fotografando em uma cena de alto contraste, como neve ou praia, pode tentar fazer a revelação reduzida (pull). Se estiver uma cena de baixo contraste, como muita neblina, pode tentar fazer uma revelação forçada (push). Quem aplica o sistema de zonas, costuma de referir a esta “manobra” de compressão/expansão de escala.

A razão estética é o gosto pela modificação visual que uma revelação alterada causa na imagem além do contraste. A super revelação também acentua a borda dos grãos e a sub revelação suaviza os grãos.

O importante é lembrar que é um procedimento que envolve a exposição e a revelação em par pra fazer sentido. Eventualmente você também vai ver referência a revelação +1, +2 ou -1,-2 pra falar de quantos pontos compensar no processamento.

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