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Fotografia em colódio e uma bicicleta: a colódio-bike 🙂


O meu “xará” Roger Fenton, lá do século 19, já sabia das dificuldades de se fazer uma saída fotográfica por aí com placa úmida de colódio. Como a placa fotográfica precisa ser sensibilizada e revelada na hora em que for usada, é preciso carregar um mini laboratório consigo. Para complicar, na época não se ampliava fotos. O negativo tinha que ser feito do tamanho da cópia final desejada. Aumentando o tamanho do negativo, aumenta o tamanho de todo o equipamento de laboratório! Para ter uma idéia, meu kit básico para se fotografar em colódio é uma lista de pelo menos 30 itens diversos.
Quem acompanha este blog, já viu que eu já me aventurei por aí com o colódio em Paraty, Nazaré Paulista e até Ilha do Cardoso! Minha experiência nessas situações foi que dá pra fazer fotos externas sem muita estrutura. O principal é uma boa caixa de papelão convertida em Caixa Escura. Porém o grande problema é a quantidade enorme de coisas espalhadas pelo chão e o tempo que leva para recolher tudo e se deslocar para outro lugar.
A idéia de montar um laboratório móvel em uma bicicleta foi crescendo ao longo de alguns meses até eu ter a coragem de comprar uma bicicleta cargueira, dessas de padaria e açougue, e dar início a este projeto esquisito. A principal vantagem da bicicleta é seu acesso misto, ela pode circular por áreas de pedestres e de veículos. Além de ser fácil de parar em qualquer lugar, o que em SP é um grande trunfo. A bicicleta cargueira é dessas que tem um grande bagageiro frontal com um ótipo “pé” que deixa a bicicleta estável quando estacionada. É uma bancada portátil e pronta para pedalar!
A parte principal do colódio-bike é a caixa escura, onde acontece toda a preparação da placa fotográfica e sua revelação. Até onde sei, o modelo que construí não é exatamente o que costuma ser feito. Geralmente a caixa é feita para ser usada na posição vertical, a minha é na posição horizontal. Pensei assim para ficar mais estável de carregar na bike ser rápida de abrir e montar. Sua dimensão foi pensada em ser compatível com placas de até 25x30cm, apesar de ainda não ter usado esse tamanho nela. A altura total, quando aberta e colocada em cima da bicicleta, é compatível com minha altura, para poder trabalhar confortavelmente em pé sem me curvar.


Construída inteira em madeira compensada, seu interior foi pintado em tinta amarela clara. Isso permite que o interior fique bem mais luminoso e fácil de achar as coisas. Minhas caixas anteriores eram escuras por dentro e era impossível de ver frascos e tais. Aumentava bastante a chance de derrubar algo por esbarrão. A iluminação vem de uma luzinha vermelha de bicicleta presa na parte superior. Por sinal, a mesma luz que uso na bicicleta 🙂




os que suportam o tecido preto.


O tecido escuro que veda tudo é um nylon “rip-stop” fino, desses de fazer agasalho. Ele é bem leve e aguenta bem água. Usei duas camadas, uma preta e uma vermelha na esperança de deixá-lo bem opaco à luz. Porém depois de feito, percebi logo no ensolarado dia seguinte, que a luz passa por ambas as camadas. Resolvi ir em frente e fazer o teste de estréia da caixa ainda na Casa Ranzini e constatei que a luz que passa pelo tecido não vela o colódio sensibilizado! Eba! Acredito que por ser um nylon “esportivo” ele deve ter uma filtragem UV. Melhor impossível, a caixa fica iluminada por uma luz que não vela a placa. Obrigado a Simone Wicca pelo tempo e dedicação de modelar e costurar todo o tecido!



No bagageiro traseiro eu quero fazer uma outra caixa para acondicionar os químicos e alguns equipamentos de forma que eu possa usar tudo sem colocar nada no chão. Ainda não tive tempo pra fazer isso e tenho usado uma caixa de ferramentas de plástico. Não é o ideal mas por enquanto é o que temos.

O legal é que a Caixa escura pode ser usada também fora da bicicleta, sobre uma mesa. Inclusive já usamos durante nossa apresentação na Virada Cultural do Sesc e em sessões de retrato na própria Casa Ranzini.

Já fiz algumas saídas com o colódio-bike e, posso dizer, é muito legal! Dá trabalho pra preparar a saída, é pesada pra pedalar, leva tempo embaixo do sol mas vale muito a pena. É muito bom poder sair do laboratório e fotografar pela cidade. Pedalar e ir escolhendo a paisagem e a cena. Fazer a foto e ver o resultado na hora!
Quero agradecer aos amigos que ajudaram nesses passos importantíssimos: Waldir Salvadore, Fernando Fortes, Anna Silveira, Paula Martinelli, Lígia Minami, Lúcio Libanori e Dartagnan.
Abraços!
Roger H. Sassaki
Veja algumas saídas já feitas. Clique nas imagens para vê-las maior.
Saída de estréia






Minhocão e Praça Roosevelt





Rua 15 de Novembro e Palácio das Indústrias











Palácio das Indústrias






Comentários
2 respostas para “Fotografia em colódio e uma bicicleta: a colódio-bike :)”
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Oi Roger, só tenho uma coisa a dizer, “ducaralho”! Parabéns por tudo que está fazendo, você se tornou meu ídolo, kkkkk. Faz muita coisa do que quero fazer um dia. Grande abraço, André Luppi
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Olá André
Obrigado pelo elogio! Se aventure pelos processos fotográficos sim. Se inscreva na newsletter pra ficar sabendo das novidades.
Abraços!
Roger
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