fotografia, processos, alternativas

Placa úmida de Colódio

Fotografia em Colódio em campo: Paraty!

Casarão na Praça da Matriz de Paraty. Ambrótipo 12x16,5cm de Roger Sassaki. 09/2013

Casarão na Praça da Matriz de Paraty. Ambrótipo 12x16,5cm de Roger Sassaki. 09/2013

Casarão na Praça da Matriz de Paraty. Ambrótipo 12×16,5cm de Roger Sassaki. 09/2013

“It´s Alive!” – Dr. Frankenstein

Nem sei se é isso mesmo que ele diz no romance quando monstro se levanta finalmente. Mas foi bem a nossa sensação quando percebemos que estávamos conseguindo fotografar em placa úmida de colódio fora de nosso lab na Casa Ranzini, mais exatamente nas ruas de Paraty!

O desafio de fotografar nas ruas do centro histórico durante o Paraty em Foco de 2013 já havia sido lançado em nossas conversas defumadas em produtos químicos já desde o começo do ano, e se reforçou com nossos primeiros passos de sucesso. Só que coisa vai e coisa vem, o tempo passa, o cronograma sofre e a coisa já tava sendo boicotada pela falta de menção. Mas no começo de agosto, impulsionados por consumo excessivo de café, nos animamos e num discurso digno de combate final de filme americano, renovamos o desafio e partimos pro “tá com medo, por que veio?”. Lá partimos Suzana, Fernando e eu.

A empreitada precisava de duas resoluções:
– Como montar e o que levar para um laboratório móvel
– Como entregar o ambrótipo para o cliente.

Para a montagem dos ambrótipos, conseguimos desenvolver um ótimo estojo em conjunto com a Molducenter. Já tem um post anterior contando tudo!

Nosso primeiro teste real para um lab móvel de colódio foi feito no começo de setembro de 2013 em Nazaré, que contamos em um outro post anterior. Em princípio, íamos apenas reproduzir o mesmo “setup” de materiais da viagem à Nazaré. Mas tínhamos que aperfeiçoar o método de lavagem final das placas e transporte delas de volta a base de operações, neste caso de Paraty, a pousada.

O Lab móvel menor que levamos para Paraty. Ao redor as outras tranqueiras necessárias.

O Lab móvel menor que levamos para Paraty. Ao redor as outras tranqueiras necessárias.

O maior problema mesmo foi que durante os dias finais antes da viagem, percebemos que nossos equipamentos não iam caber no carro, que agora era apenas um, com três pessoas e mais malas de roupa. Eita. Dá lhe reduzir embalagens, malas e nossa “caixa de papelão”. Ela passou de uma “suíte com varanda” para uma “caixa de sapato”, quase.

Para carregar as placas de vidro 4×5″ para o campo, fizemos um porta-placa com uma caixa de sorvete e espirais de plástico. Barato e funcional!

Porta placas de vidro 4x5" feito a partir de caixa de sorvete e espirais de encadernação

Porta placas de vidro 4×5″ feito a partir de caixa de sorvete e espirais de encadernação

A experiência em campo é totalmente diferente da pratica em um laboratório fixo. Fora ter que carregar tudo e ter que trabalhar em uma caixa ao invés de uma sala, a temperatura e umidade oscilam bem mais trazendo problemas para os químicos. Tem também vento e poeira!

Realmente tivemos vários problemas em nossa aventura por Paraty, principalmente nas horas quentes do dia. O colódio secava muito rápido e o revelador ficou mais ativo. Conseguimos controlar a temperatura do revelador colocando-o numa maleta térmica com um pouco de gelo. Ao colódio, adicionamos mais éter e álcool, o que ajudou mas não resolveu totalmente. Apanhamos bastante.

A recompensa pelo trabalho adicional do lab móvel é poder fotografar em campo e fazer retratos de pessoas pelas ruas. Históricamente, foi a placa úmida que popularizou o fotógrafo itinerante, embora alguns calotipistas já tivessem tido bons resultados anteriormente. Mas, por incrível que pareça, o colódio úmido era mais fácil do que o calótipo úmido.

Seguem algumas imagens feitas durante nossa estadia em Paraty em Setembro de 2013. Clique nelas para vê-las maior.

Ambrótipo da Igreja Sta Rita

Ambrótipo da Igreja Sta. Rita

Dois ferrótipos feitos próximos a igreja Santa Rita. De Fernando Fortes.

Praça da Matriz

Praça da Matriz

Retrato em ambrótipo

Ambrótipo de Thyago Nogueira

Retrato em ambrótipo

Retrato em ambrótipo

Retrato em ambrótipo

E agora a galeria das imagens de nós fazendo o processo! Clique nas imagens para vê-las maior.

Carro lotado com as coisas para o lab móvel.

De manhã em Sta. Rita. Equipamento todo amarrado.

Processando placas já de manhãzinha.

primeiras imagens no fixador.

Um ferrótipo sendo lavado.

Ambrótipo gigante feito no trailer do Cidade Invertida com Ricardo Hantzchel. Infleizmente ele não sobreviveu a lavagem e secagem, mas despertou a vontade de partir para os formatos enormes!

Ricardo Hantzchel inspecionando o super ambrótipo.

A Suzana foi a assistente do grupo. Ajuda essencial! Ao fundo, o Cidade Invertida.

Fernando Fortes explica o processo para interessados.

Alguns ambrótipos a venda! Foto de João Paulo Soares

Fazendo um retrato na 4x5". Foto de João Paulo Soares

Imagem sendo fixada!

A bagunça no centro histórico de Paraty

Estado do lab móvel no final do dia. A caixa preta é onde está o banho de prata.

Estante com vários ambrótipos feitos durante a viagem.

Lavadora de placas! Montada por Fernando Fortes, é acoplada a pia do hotel.

Para nossa boa surpresa, tivemos alguma publicidade espontânea, uma matéria nos colocando como destaque das atividades paralelas (Resumo: Paraty em Foco 2013) e também alguns segundos na matéria da TV Cultura sobre o festival, dá uma olhada lá no minuto 2:35 do video:

Segunda incursão: Festival de música Paraty Latino 2013

E não é que eu acabei voltando duas semanas depois para Paraty para o cobrir o festival de música latina organizado pelo Bourbon Street Music Club (SP)!

Tradicionalmente eu cubro os festivais do Bourbon com equipamento digital, mas resolvi tentar “ambrotipar” novamente nas pequenas oportunidades. Uma aquisição importante para esta viagem foi um tanque vertical para o banho de prata. Além de ocupar menos espaço, ele é vedado e pode ser transportado com a prata dentro, agilizando a montagem e desmontagem do lab móvel. Uhú! Desta vez sem a participação do Fernando Fortes e da Suzana, estava sozinho e tive que reduzir ainda mais o equipamento, optando por levar apenas material para fotografar em 4×5″ (10×12,7cm). Consegui reduzir tudo para:

  • uma maleta dupla de plástico, que serviu também como quarto escuro.
  • uma sacola com o pano opaco e a câmera 4×5″
  • tripé
  • Mala de apoio com material que ficou no quarto de hotel

Consegui fotografar um pouco até o começo da tarde quando começavam os shows. No palco da tarde, tentei com algum sucesso fazer retratos dos músicos no backstage e também no palco. Grande experimentação!

Uma decoberta boa durante as fotos que fiz nas margens do canal, logo no começo, foi que grande parte do problema que eu estava tendo com as placas de colódio secarem muito rápido tinha mais a ver com o vento do que com a temperatura, a qual eu culpei na primeira viagem. Aplicar o colódio protegido pelo pano opaco complicou um pouco o procedimento mas, protegidas do vento, as placas ficaram muito melhores!

Seguem algumas das imagens feitas durante a segunda viagem a Paraty. Clique nas imagens para vê-las maior.

Equipamento montado em Paraty

Ambrótipo 10x12,7cm.

Equipamento mmontado no backstage do palco Sta. Rita

Retrato do grupo "La Solea". Ambrótipo.

Yamandu Costa. Ambrótipo 4x5". Talvez a primeira foto de show em ambrótipo do século? ;)

Colega fotógrafo Pedro Guida. Ambrótipo 4x5"

Renata Bombardi. Ambrótipo 4x5".

Daniella Cury. Ambrótipo 4x5"

Primeiro teste. Ambrótipo 4x5".

Banda em Busker. Ambrótipo 4x5"

Publico do palco Sta. Rita. Ambrótipo 4x5".

Colegas da equipe da produção do festival. O pessoal dá duro! Ambrótipo 4x5"

Colegas de equipe. Ambrótipo 4x5".

Foram duas grandes aventuras que só deu mais vontade de sair viajando e fotografando em placa úmida de colódio! Qual será o próximo destino?!

Grande abraço,

Roger Sassaki

2 Comments

  1. antonia

    muito legal tudo isso que vcs estão fazendo. Love iú all!

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